Caros(as) colegas:
Meu livro mais recente, The Animal Rights Debate: Abolition or Regulation?, envolve um debate entre mim e o Professor Robert Garner da University of Leicester.
Neste Comentário, o professor Garner e eu discutimos nosso livro. A posição de Garner, embora seja uma forma daquilo que eu chamo de “novo bem-estarismo” ou “neobem-estarismo”, é diferente da posição de Singer e a maioria dos demais. Para começar, Garner não é um utilitarista de ato, como é Singer. Como Singer (e Regan), Garner não reconhece que a vida animal tem valor moral igual à vida humana, mas ele acha que o interesse do animal em não sofrer deveria ser protegido por um “direito”. Ele é vago e ambíguo quanto a se esse direito é um direito a não sofrer “inaceitavelmente”, em cujo caso sua posição cai numa forma de bem-estar (semelhante ao que discuti em meu livro de 1995, Animals, Property, and the Law, como o “direito a um tratamento humanitário” neobem-estarista), ou se o direito a não sofrer é um direito absoluto, em cujo caso a posição de Robert eliminaria todo uso de animais porque, conforme mostro em nosso livro, todo uso envolve alguma forma de sofrimento, aflição, etc. Conforme também discuto em nosso livro, se Garner entende esse direito num sentido absoluto, então há problemas teóricos em entender a derivação de qualquer direito desse tipo, e a defesa que Garner faz da reforma bem-estarista é, tanto em termos práticos quanto teóricos, inconsistente com qualquer direito desse tipo.
Em nossa discussão aqui, focamos nas seguintes perguntas que eu preparei:
1. Em nosso livro, você declara que os animais têm direito a não sofrer “inaceitavelmente”. Como você determina quais os níveis de sofrimento que são “inaceitáveis”?
2. Embora você ache que a fazenda industrial de animais não pode ser justificada moralmente, se os animais pudessem ser criados de um modo agradável com um sofrimento mínimo, e pudessem ser mortos de um modo relativamente indolor para ser comidos, ou se eles pudessem ser usados em experimentação com um sofrimento mínimo e benefícios significativos para os humanos, você não poderia objetar, poderia?
Tomemos um exemplo bem claro: eu tenho uma vaca que vive no quintal. Eu trato muito bem dela. Dou um tiro nela (uma bala; morte instantânea), mato-a e a como. Fiz alguma coisa moralmente errada?
3. Eu nosso livro você declara: “Estou aceitando o ponto de vista de que, todas as coisas sendo iguais, a vida animal não humana (da maioria das espécies não humanas, pelo menos) tem menos valor moral do que a vida humana.”- p. 187. Por que você toma essa posição?
4. Um ponto central de divergência entre nós é que você acredita que os grupos regulacionistas, como a RSPCA, CIWF, PETA e HSUS, estão buscando e obtendo vitórias “que valem a pena”. Você acredita que alguma dessas “vitórias” faz muito mais do que tornar o uso de animais mais eficiente em termos econômicos? Se sim, pode identificá-las?
5. Você acredita que esses grupos estão estimulando a demanda por produtos feitos com “bem-estar superior” de um modo que afetará adversamente a demanda geral? Dado que todos esses produtos estão promovendo selos de exploração “feliz”, você pode duvidar que, qualquer que venha a ser o efeito, esses grupos acreditam que esses selos farão as pessoas se sentirem mais à vontade quanto à exploração?
Espero que vocês gostem da discussão.
Se não forem veganos(as), tornem-se veganos(as). É fácil; é melhor para a sua saúde e o planeta. Mas o mais importante é que é a coisa moralmente certa a fazer.
Gary L. Francione
© 2011 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda