quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cuidado e controle de animais: o triste fracasso do sistema de abrigos municipais de Nova York

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 19 de maio de 2011

Caros(as) colegas:
O Animal Care and Control of New York City (Cuidado e Controle de Animais da Cidade de Nova York, ou ACC), que opera o sistema municipal de abrigos para animais em Nova York desde 1995, é uma instituição infestada de problemas. Há chocantes alegações de negligência e abuso de animais, incluindo a recente informação de que o ACC matou oito filhotes de cachorro que poderiam ter sido salvos e encontrado lares graças a grupos de resgate.
O programa de avaliação comportamental, que inclui tirar a comida ou um brinquedo de um cachorro faminto ou estressado, ou ver como um cachorro estressado reage ao ser confrontado por outro cachorro, suscita significativas dúvidas quanto a se os potenciais adotantes estão obtendo um quadro preciso de como os cães vão se comportar quando adotados.
Uma lista de cães e gatos que serão mortos entre as 5 e as 6 hs da tarde é fornecida pelo ACC na véspera do dia da matança desses animais. O ACC fecha às 8 hs da noite e reabre às 8 hs da manhã seguinte, mas é difícil, se não impossível, comunicar-se por telefone. A matança começa em torno das 10 ou 11 hs. Não dá tempo de os grupos de resgate e os adotantes retirarem os animais dos três abrigos operados pelo ACC. Todas as noites há uma tentativa frenética de salvar vidas e, embora muitos animais sejam salvos pelos grupos de resgate apesar da política restritiva e irracional do ACC, muitos animais sadios são mortos.
Uma notícia de 16 de maio de 2011 dá uma preocupante ideia do que acontece no ACC. Emily Tanen trabalhava para o ACC num programa que supostamente atua como uma ligação entre o ACC e os grupos de resgate:
Emily se responsabilizou por fotografar todos os cachorros no abrigo – ela possuía um dom especial para captar a beleza interior de seus sujeitos.
Graças às suas fotos tocantes, comoventes, foram salvos muitos cães que, se não fosse isso, seriam vistos como “de difícil colocação” ou mesmo “não adotáveis”.
Mas, aparentemente, suas lindas fotos de cães sem lar incluíam algo que “o poder” do Cuidado e Controle de Animais de Nova York não queria – fotos de cachorros recebendo contato humano.
Suas maravilhosas imagens faziam, frequentemente, a diferença entre a vida e a morte – para os cães que não têm a habilidade de falar em defesa própria, as comoventes fotos eram com frequência a chave para um resgate que salvaria suas vidas...
Imagens que tocavam o coração – imagens que conseguiam dar a sensação, em quem as via, de que uma vida podia ser literalmente salva.
Mas agora ela saiu abrigo – uma poderosa defensora dos animais que não têm voz não está mais ali para ajudar.
Fotos apagadas, lúgubres, sem emoção são tudo que vai restar.
Eu compreendo que administrar um abrigo de animais em um lugar como a cidade de Nova York é difícil para as pessoas com as melhores intenções. Mas está ficando cada vez mais visível que o ACC tem algumas práticas e diretrizes que, ao que parece, são, na melhor das hipóteses, contraproducentes. E mesmo se apenas uma pequena parte das alegações de negligência no ACC for verdade, então o ACC é um inferno para os animais que têm a infelicidade de estar lá.
Matar um animal sadio nunca é moralmente justificável, e um animal sadio morto no ACC, ou em qualquer outro abrigo, já é demasiado. O ACC não está apenas matando centenas de animais por mês, mas também parece ter pressa de fazer isso, e de fazer tudo que puder para frustrar os esforços dos grupos de resgate e de pessoas dedicadas (como Emily Tanen) de salvar esses animais. Além disso, o ACC dá um trabalho terrível aos grupos de resgate, forçando-os a uma frenética corrida diária para salvar qualquer animal que puderem.
Já está mais do que na hora de haver um controle melhor do Cuidado e Controle de Animais de Nova York. E está na hora da cidade de Nova York mudar para uma situação progressista em que os abrigos não matem animais. Isso pode ser alcançado se os nova-iorquinos tiverem a vontade política de fazer isso acontecer.
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Se você não for vegano(a), torne-se vegano(a). É fácil; é melhor para a sua saúde e o planeta. Mas o mais importante é que é a coisa moralmente certa a fazer. Se você for vegano(a), eduque todo mundo que puder sobre o veganismo.
E se tiver condições, por favor adote um animal sem lar, ou cuide de um até que alguém o adote. Há tantos que precisam da sua ajuda. Se você não tiver espaço ou recursos para um cachorro, um gato ou um coelho, há muitos animais menores, como camundongos, ratos, tartarugas e peixes, que também precisam de lares. Se você possuir terra, há muitos animais de grande porte e de fazenda precisando de lares também.
Cuidar de animais não humanos em situação individual é uma parte importante dos direitos animais. E se você estiver envolvido com resgate de animais, lembre-se de que não há diferença entre o animal que você salva e o animal que você come.
Se você tiver um animal de companhia, por favor certifique-se de que ele não se reproduza. Não precisamos de mais animais domesticados vindo ao mundo!
Gary L. Francione
© 2011 Gary L. Francione
Adendo – 23 de maio:
Micah Zellner, deputado estadual de Nova York, propôs uma legislação que ampliaria a capacidade dos grupos de resgate para tirarem animais do ACC. Eis uma notícia sobre a proposta do Sr. Zellner.
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Tradução: Regina Rheda