sábado, 30 de outubro de 2010

Comentário nº 20: promoção criativa do veganismo não violento em um ambiente desafiador

Postado por Gary L. Francione em seu blog/podcast em 25 de outubro de 2010

Caros(as) colegas:
Neste Comentário, tenho uma longa discussão com dois ativistas veganos abolicionistas, Jeff Perz e Renata Peters. Eles moram em Alice Springs, uma cidade pequena e remota da Austrália central dominada pela indústria do gado, e exatamente o tipo de lugar onde você pensaria que é impossível gerar entusiasmo em relação ao veganismo.
Mas Renata e Jeff provam que é possível haver um movimento vegano em qualquer lugar — se você quiser!
Jeff é canadense; Renata, australiana. Juntos, esses dois veganos, que também são adeptos da comunicação não violenta, conversam comigo sobre como se tornaram veganos, por que são abolicionistas e o que estão fazendo em Alice Springs para educar as pessoas sobre o veganismo.
Renata e Jeff vão lhes mostrar que vocês não precisam de uma organização grande nem de um orçamento alto para promover o veganismo de modo eficaz. Tudo de que vocês precisam é vontade de trabalhar muito e de pensar criativamente sobre a melhor forma de educar a comunidade onde vivem. Doces veganos ajudam!
Achei minha discussão com Jeff e Renata inspiradora, e sei que vocês também vão achar.
No início do Comentário, discuti brevemente uma nova campanha do grupo bem-estarista britânico Animal Aid, que está:
pedindo que se instale circuito fechado de TV (CFTV) em todos os matadouros do Reino Unido, e que o material gravado seja disponibilizado a terceiros fora do matadouro. Também queremos um treinamento independente melhor, retreinamento e avaliação regulares, execução rigorosa das leis, e o fim do emprego em matadouros para aqueles com condenações pendentes por violência ou crueldade contra animais.
Um matadouro, cujo contrato com uma grande cadeia britânica de supermercados foi suspenso depois que o Animal Aid alegou que ele cometia crueldade contra animais, teve seu contrato restabelecido após “melhorias no abatedouro, incluindo a introdução do CFTV” de acordo com as exigências do Animal Aid.
Andrew Tyler, do Animal Aid, comentou:
“O fato de a empresa dizer que seus próprios padrões melhoraram de forma gritante mostra claramente a importância da nossa investigação”.
“Isso ressalta, em termos absolutamente claros, que o que estamos fazendo, e o que continuaremos a fazer, é uma tarefa vital. Estamos muito contentes que o CFTV tenha sido introduzido. É absolutamente vital que as sequências sejam não só coletadas, mas regularmente examinadas por Sainsbury’s e as autoridades reguladoras”, disse Mr. Tyler.
Como vocês poderiam adivinhar, muitos defensores dos animais estão, compreensivelmente, indignados com o fato de o Animal Aid estar agora formando parcerias com exploradores institucionais para promover e vender carne “feliz”.
Uma colega da Grã-Bretanha me escreveu e compartilhou uma resposta que ela havia recebido de Tyler à sua objeção a essa campanha tola. Tyler tentou justificar a campanha pelo CFTV usando o seguinte exemplo:
você está numa feira de gado e vê uma ovelha ser repetidamente chutada na cabeça e pisoteada. Você intervém para acabar com esse extremo abuso ou iria considerar isso “bem-estarista”, dado que, mesmo se você parasse com os chutes e o pisoteio, a ovelha ainda seria abatida?
Ingrid Newkirk da PETA usou o mesmo tipo de argumento há quase 20 anos, quando, no contexto de promover a reforma do bem-estar animal que, alegava ela, nos aproximaria dos direitos animais, ela disse que quem se opunha à reforma do bem-estar negaria água a uma vaca sedenta a caminho do matadouro.
Eu discuti a posição de Newkirk em meu livro de 1996, Rain Without Thunder: The Ideology of the Animal Rights Movement. Argumentei que se eu fosse um guarda de um campo de concentração, eu certamente daria água a um prisioneiro político sendo levado para a execução. Mas se eu concluísse que o campo de concentração para prisioneiros políticos era, em geral, uma instituição imoral e injusta, eu largaria meu emprego e faria campanha para fechar o campo. Eu não faria campanha para dar água aos prisioneiros prestes a ser fuzilados, nem por outras medidas destinadas a acobertar a imoralidade da instituição.
Minha resposta a Newkirk se aplica ao exemplo de Tyler. Sem dúvida, eu faria com que parassem de chutar a ovelha. Imagino que a maioria dos proprietários de ovelhas e operadores de matadouros fariam o mesmo. Afinal, chutar a ovelha causa danos à carcaça, e isso reduz o valor da ovelha. Mas eu faria campanha por um tratamento mais “humanitário” da ovelha? Não, absolutamente não. Isso não faz nada além de acobertar uma instituição inerentemente imoral e deixar o público mais à vontade quanto a comer carne.
E é exatamente isso que o Animal Aid está fazendo. Está encorajando o público a acreditar que há um modo certo e um modo errado de explorar os animais.
Não há. Há somente um modo errado.
As pessoas não deveriam abusar sexualmente de crianças. Mas se elas vão fazer isso, é melhor elas não torturarem as crianças além de abusar sexualmente delas. Mas devemos fazer campanha por um abuso sexual mais “humanitário” de crianças? Não, é claro que não. Não há nenhum modo certo de abusar sexualmente de crianças, assim como não há nenhum modo certo de torturar e matar animais.
É perturbador ver quantos consumidores de carnes e laticínios estão elogiando a campanha do Animal Aid. Mas isso é de se esperar. O Animal Aid está lhes vendendo uma indulgência e, por uma doação, dizendo-lhes que podem continuar explorando, contanto que comprem de um supermercado que obtém sua carne de um matadouro com CFTV.
É realmente apavorante, e eu peço a todos os defensores dos direitos animais abolicionistas no Reino Unido que não apoiem essa campanha equivocada (embora eu tenha certeza de que os bem-estaristas nos Estados Unidos embarcarão nessa caravana também). E por falar nisso, defensores no Reino Unido: por favor, escrevam ao grupo Viva! pedido para ele parar de vender livros de culinária não veganos, parar de promover restaurantes e pousadas não veganos, e parar de representar a ingestão de laticínios como sendo melhor, sob o aspecto moral, do que a ingestão de carnes.
Devo acrescentar que, há 20 anos, Newkirk dizia que devíamos apoiar o bem-estar para nos aproximar mais dos direitos animais. Bem, já são 20 anos depois, e se Newkirk acha que estamos mais próximos — mesmo que seja um centímetro — está se negando a admitir a realidade. E agora temos Tyler apresentando o mesmo argumento ridículo.
Se você não for vegano(a), torne-se vegano(a). É fácil, melhor para a sua saúde e o planeta e, mais importante, é a coisa moralmente certa e justa a fazer. É o que nós devemos aos outros animais. Se você for vegano(a), então eduque os outros sobre o veganismo.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Não há terceira escolha

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 17 de outubro de 2010

Caros(as) colegas:
Há veganismo e há exploração animal. Não há terceira escolha. Se você não for vegano(a), está participando diretamente da exploração animal.
Se você não for vegano(a), pense se seu conforto, seu prazer, sua diversão ou sua conveniência valem a vida de alguém. Se você concluir que não, torne-se vegano(a). É fácil, melhor para a sua saúde e o ambiente e, mais importante, é a coisa moralmente certa a fazer.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda

domingo, 17 de outubro de 2010

Um sonho bem-estarista tornado realidade: o livro de registros de abusos de animais

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 15 de outubro de 2010

Caros(as) colegas:
Imaginem que vocês queiram achar uma campanha de um só tema que lhes permitirá levantar fundos infinitamente, 24 horas por dia, 7 dias por semana, para que vocês (e, mais importante, seus doadores) possam “ajudar os animais”.
Imaginem que essa campanha não exija que ninguém mude seu comportamento em relação aos animais. As pessoas podem continuar a comer carne, tomar leite e usar lã ou couro, ir ao circo e passar a tarde vendo corrida de cavalos no hipódromo, ao mesmo tempo em que podem se sentir “compassivas”.
Imaginem uma campanha cujo ponto essencial seja definir o termo “abuso de animais” de um modo tão estreito que nenhum potencial doador – por mais carne, leite, ovo, queijo, manteiga, sorvete ou seja o que for que ele consuma, e qualquer que seja a forma de exploração legalizada de que ele participe – será considerado comprometido com o “abuso de animais”.
Tudo que qualquer um tem de fazer é apoiar um gesto completamente insignificante – com uma doação, é claro.
Não procurem mais; eu tenho a campanha para vocês: a campanha pelo livro de registros de abusos de animais.
Esta semana, Suffolk County, que fica na metade oriental de Long Island, criou o primeiro livro de registros de abusos de animais da nação. A lei em questão exigirá que as pessoas condenadas por cometerem crueldade contra animais se registrem junto às autoridades, ou ficam sujeitas a prisão e multas. A lei de Suffolk tem como modelo as “Megan’s Laws”, que criam livros de registros de abusadores de crianças.
Então agora seremos capazes de identificar “abusadores de animais”, pelo menos em uma parte de Long Island.
Mas esperem.
Os supermercados em Suffolk County que vendem partes de corpos de animais e outros produtos de origem animal estarão no livro de registros? Bem, não, porque a venda de partes e produtos animais é perfeitamente legal. Não é “abuso de animais”.
E aqueles habitantes de Suffolk County que consomem produtos animais – aqueles dentre nós que criam a demanda por produtos animais, em primeiro lugar – estarão no livro de registros? Bem, não, é claro que não. Consumir animais não é uma violação da lei anticrueldade.
Então quem é o alvo dessa lei?
Bem, segundo a matéria lincada acima, havia a mulher que torturava os gatos:
A lei foi motivada por vários casos de abuso de animais nos últimos meses, incluindo aquele de uma mulher de Selden, acusada de forçar seus filhos a vê-la torturar e matar filhotes de gatos e dúzias de cachorros, e depois enterrar os animais de estimação em seu quintal.
A esta altura, deveria estar claro para vocês qual é o problema aqui. Ao definirmos “abuso de animais” como o comportamento patológico raro que desrespeita as leis anticrueldade – e que provavelmente responde por menos de um milionésimo de um por cento do uso de animais – deixamos em paz o que é considerado “normal”. Reforçamos a noção de que uso não é abuso, de que o abuso só ocorre como uma exceção à regra, em vez de ser a regra de todos os segundos de todos os dias. Além do mais, essa lei também se aplicará, na maior parte das vezes, a situações envolvendo os animais que “fetichizamos”, como cães, gatos, etc. Vocês sabem, aqueles animais que amamos e consideramos membros de nossas famílias, enquanto enfiamos garfos em todos os outros.
Em resumo, isso é um gesto insignificante que servirá apenas para reforçar a noção de que está certo explorar os animais, contanto que não “abusemos” deles. Realmente, isso declara que nosso uso “normal” de animais não é abuso.
Deveria estar claro, também, por que esse tipo de campanha é um sonho de bem-estarista tornado realidade: essa é uma campanha que simplesmente todo mundo pode apoiar e que fará as pessoas se acharem virtuosas. Apenas pessoas “más” abusam de animais, e elas estão no livro de registros criminais; o resto de nós é “gente compassiva”.
Posso lhes assegurar que essa campanha será uma mordomia sem fim para o bem-estar animal. De fato, se você quiser entrar nessa barca, é melhor se apressar; ela já está zarpando:
Os ativistas do bem-estar animal esperam que a lei, aprovada por unanimidade terça-feira no condado de 1 milhão e meio de habitantes, próximo à cidade de Nova York, inspirará governos por toda a nação, do mesmo modo que o livro de registros Megan’s Law para abusadores de crianças proliferou na década passada.
….
Mais de doze estados introduziram legislação para estabelecer livros de registros semelhantes, mas Suffolk County é a primeira entidade governamental a aprovar a lei, disse Stephan Otto, diretor de assuntos legislativos do Animal Legal Defense Fund.
A PETA já declarou seu entusiástico apoio ao livro de registros. A PETA acha que Temple Grandin, a projetista de matadouros e consultora da indústria da carne, deveria estar na lista? Grandin é uma “abusadora de animais”? Não; a PETA deu um prêmio a Grandin.
E quanto ao Whole Foods, que vende carnes e outros produtos “felizes” oriundos de animais que foram torturados? Não, porque a PETA (junto com a maioria das outras corporações grandes de bem-estar animal) apoia os produtos animais “felizes” vendidos pelo Whole Foods.
E quanto às organizações de defesa animal que têm polpudos orçamentos, mas matam animais em vez de ter um programa de adoção? Elas são “abusadoras”? Não, a PETA mata 90% dos animais que acolhe em suas instalações, então isso não pode constituir abuso, pode?
E quanto às pessoas que consomem produtos animais? A PETA as considera “abusadoras de animais”? Isso seria um pouco constrangedor, dado que metade dos membros da PETA, segundo Dan Mathews, o vice-presidente sênior da PETA, não é nem mesmo vegetariana.
Isso prova meu argumento de que a ideia do livro de registros de abusos é simplesmente uma tentativa de definir “abuso” como o incidente patológico da tortura de gatinhos e cães no quintal. Mas isso é extremamente fora do comum. O que constitui o real abuso é a exploração diária praticada por gente comum, incluindo a exploração perpetrada, facilitada e aprovada pelas empresas de bem-estar animal.
Há 50 estados e Washington, D.C., vários territórios e centenas de milhares de condados, cidades, cidadezinhas, etc. Essa é uma campanha que tem o potencial de continuar por décadas e terá uma durabilidade quase ilimitada para efeito de levantar fundos. Já posso até ver caminhadas em prol do livro de registros, guiadas por várias celebridades e permitindo que todas as mulheres, homens e crianças comprem seus bilhetes de saída da classe dos “abusadores de animais”, ao fazerem uma doação para assegurar que os verdadeiros “abusadores de animais” estejam em algum livro de registros criminais, enquanto o resto de nós continua a se sentir em paz com sua consciência. Estou certo de que já existem planos para a realização de eventos de mídia com mulheres seminuas, vestindo apenas pedaços de papel onde estarão os nomes dos delinquentes que constarem nos livros de registros. Oh, os sacrifícios que algumas pessoas farão “pelos animais”.
E quanto à mulher de Long Island que torturava os gatinhos e os cachorros? Não é uma boa ideia que tenhamos um livro de registros para identificar pessoas como aquela?
Dentro da medida em que o livro de registros pode fornecer informações a abrigos que ajudarão a identificar perigos para futuras adoções, tudo bem. Mas em um sentido fundamental, a mulher que praticou esses atos terríveis não difere de nenhuma pessoa que consome animais.
Como vocês veem, aquela pessoa torturou gatinhos e cachorros porque obteve algum prazer ou satisfação a partir daqueles atos. É errado fazer aquilo? Certamente. Mas em que, realmente, o que ela fez difere do que todas as outras pessoas fazem? A maioria de nós come produtos animais, e os animais a partir dos quais esses produtos são feitos foram tão torturados quanto os gatinhos e cachorros no caso de Long Island. Mas aquela mulher é uma criminosa, e o resto de nós, que apoia o livro de registros e truques semelhantes, é “compassivo”. Não entendo...
Alguns anos atrás (2007), eu fiz a observação de que Michael Vick, que foi preso por se envolver com rinhas de cães, não era realmente diferente do resto de nós. Ele gostava de ficar diante de uma arena vendo os cães lutarem; o resto de nós gosta de ficar diante da churrasqueira assando cadáveres de animais que foram tão torturados quanto (ou mais torturados ainda do que) os cães de Vick. A única diferença é que a maioria das pessoas paga outras para fazerem o trabalho sujo. Mas nós apreciamos consumir os produtos da exploração, exatamente como Vick apreciava o que fazia.
Tudo é esquizofrenia moral.
Se você não for vegano(a), torne-se vegano(a). É fácil, melhor para a sua saúde e o planeta e, mais importante, é a coisa certa e justa a fazer. É o que devemos aos outros animais. Se você for vegano(a), então eduque os outros sobre o veganismo.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda

sábado, 16 de outubro de 2010

Abençoando a exploração

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 15 de outubro de 2010

Caros(as) colegas:
Se você promove o “onivorismo consciencioso” como a escolha “compassiva”, adivinhe o que vai acontecer. As pessoas vão continuar a comer produtos animais. Elas vão continuar participando diretamente da exploração animal e não vendo nada de errado nisso. Afinal de contas, os “especialistas”, os “caras dos direitos animais”, abençoaram seu consumo de produtos animais.
Se você promove o vegetarianismo como a escolha “compassiva”, você está dando sinal verde para as pessoas consumirem laticínios e outros produtos animais. Isso explica por que todos nós conhecemos muitos vegetarianos que nunca viraram veganos. Por que deveriam virar, se as pessoas que se dizem especialistas ficam lhes falando que eles cumpriram suas obrigações morais para com os animais sendo vegetarianos?
Se você considera os animais membros da comunidade moral, você para de consumi-los. Ponto final. Não é uma questão de exploração “feliz”; é uma questão de exploração nenhuma.
Se você não for vegano(a), torne-se vegano(a). É fácil, melhor para a sua saúde e o ambiente, e, mais importante, é a coisa moralmente certa a fazer.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sofrimento e morte “desnecessários”

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 15 de outubro de 2010

Caros(as) colegas:
Todos concordamos que o sofrimento e a morte “desnecessários” de animais são moralmente errados. Se é que isso significa alguma coisa, deve significar que não podemos justificar o sofrimento e a morte dos animais por razões de prazer ou conveniência. Mas qual é a nossa melhor justificativa para impor sofrimento e morte aos 56 bilhões de animais (fora os peixes) que comemos anualmente?
Prazer. Conveniência.
Portanto, a única justificativa que temos é aquela sobre a qual concordamos que não pode ser suficiente. Isso é esquizofrenia moral.
Se você não for vegano(a), está participando diretamente da exploração animal. Ser vegano(a) é fácil, melhor para sua saúde e a maneira mais poderosa de você, como indivíduo, poder dizer “não” à exploração animal.
Se você for vegano(a), então eduque os outros sobre o veganismo.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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 Tradução: Regina Rheda

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Abordagem abolicionista em francês: novo site espelho

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 12 de outubro de 2010

Caros(as) colegas:
Marc Vincent, Meryl Pinque e Valéry Giroux criaram um site espelho em francês. Estou muito satisfeito: agora os defensores francófonos dos animais vão ter um site que é uma réplica exata do nosso site original.
Embora haja sites que regularmente apresentam traduções autorizadas dos textos do meu blog em espanhol, português e alemão, e embora o site em inglês ofereça nossos vídeos, o panfleto com a abordagem abolicionista e outros materiais em múltiplas línguas, este é nosso primeiro site espelho completo.
Obrigado a Marc, Meryl e Valéry.
E eu gostaria de acrescentar que, em qualquer língua que você falar, a verdade é a mesma:
Se você não for vegano(a), torne-se vegano(a). É muito fácil, melhor para a saúde e o planeta. E o mais importante de tudo é que é a coisa moralmente certa e justa a fazer.
Se você for vegano(a), então eduque os outros de um modo criativo e não violento.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Viva! vs. RSPCA... e não esqueçam o botão “doar”

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 11 de outubro de 2010

Caros(as) colegas:
Como consequência de uma controvérsia na Grã-Bretanha sobre a venda de carne halal, que envolve sangria em vez de atordoamento, e do comentário feito pela organização neobem-estarista britânica Viva! de que os “consumidores podem fazer sua parte, boicotando os lugares que insistem em vender carne de animais não atordoados”, eu escrevi dois textos.
No primeiro texto, eu mostrei que o Viva!, além de embarcar na caravana islamofóbica guiada pela mídia reacionária, estava promovendo uma forma de abate de animais supostamente “mais feliz”, quando deveria estar promovendo a noção de que a única resposta coerente à preocupação moral com a exploração animal é parar completamente de comer, vestir e usar produtos animais, tornando-se vegano.
O Viva! respondeu e eu escrevi um segundo texto, onde observei que esse grupo faz uma distinção entre a carne e as outras comidas de origem animal e promove o vegetarianismo como uma escolha moralmente coerente, caracteriza o veganismo como difícil e “intimidador”, vende livros de culinária vegetariana com receitas não veganas e anuncia restaurantes/pousadas vegetarianos que servem laticínios. Em resumo, o Viva! promove a exploração animal do tipo “não carne”.
Bem, o Viva! acaba de fazer uma crítica à RSPCA, que patrocina o selo Freedom Food, alegando que a RSPCA não está monitorando as coisas de maneira adequada e os ovos “felizes” não são realmente “felizes”. Mas o Viva! não está nos dizendo nada de novo. Ficou claro, desde a origem do esquema Freedom Food, que ele não é nada mais do que um dispositivo de marketing para enriquecer a RSPCA e os produtores de carnes/produtos animais “felizes”, e que os animais sob o esquema Freedom Food são tão torturados quanto os animais cujo sofrimento e cuja morte não são abençoados pela RSPCA. Todavia, grupos bem-estaristas dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outros países estão se atropelando num frenético esforço para formar novas parcerias com exploradores institucionais que envolverão ainda mais selos de “exploração feliz”.
De volta ao “Viva! vs. RSPCA”. Temos uma organização que apoia a exploração animal acusando uma outra organização de apoiar a exploração animal. Mal posso esperar até que o Viva! exiba algumas de suas celebridades não veganas dizendo a todos nós que os não veganos da RSPCA são menos “compassivos” do que os não veganos do Viva!. Talvez a PETA possa patrocinar uma luta livre “compassiva” na lama, de não veganas do Viva! em trajes sumários contra não veganas da RSPCA em trajes sumários. Qualquer coisa pelos animais.
Mas há sempre um lado bom nas coisas ruins. Sem dúvida, produtos animais “felizes” não são realmente felizes (a menos que, aparentemente, eles sejam servidos em um restaurante não vegano promovido pelo Viva!). Mas você pode ajudar. Bem à direita da crítica do Viva! à RSPCA está a solução: “Ajude-nos a salvar os animais. Doe ao Viva!” e há um espaço para preencher com uma quantia, e um botão “doar”.
Ah, sim, o refrão padrão de todos os grupos grandes: as coisas vão mal para os animais, mas podemos melhorá-las. Mande-nos dinheiro e resolveremos o problema. Nós vamos “salvar os animais”.
É claro que isso é uma fantasia. A única coisa que você vai salvar clicando o botão “doar” é o emprego das pessoas que trabalham para o Viva!. Há um modo de resolver o problema da exploração animal; há um modo de “salvar os animais”: desvie o paradigma para longe dos animais como bens econômicos que existem como recursos dos humanos e dirija-o para a visão de que os animais são membros da comunidade moral, são pessoas não humanas. Mas isso nunca vai acontecer – não pode jamais acontecer – enquanto os animais estiverem em nossos pratos, ou sobre nossos corpos ou em nossos pés. O paradigma nunca mudará na ausência de um forte movimento vegano ético.
Então você pode ajudar, mas não mandando dinheiro para alguém. Você não precisa de um grupo grande ou um botão “doar”. Essas empresas animais grandes não facilitam a mudança; ao contrário, são obstáculos à mudança.
Você só precisa da sua decisão de fazer a coisa certa e tornar-se vegano.
Não se engane: se você não for vegano, você está participando diretamente da exploração animal. Não há nenhuma distinção moralmente significativa entre a carne e os outros produtos animais. Há tanto sofrimento num copo de leite ou num pedaço de queijo servido em algum restaurante com exploração “feliz” promovido pelo Viva! quanto na carne vendida com o selo da exploração “feliz”. E todos os animais, sejam eles usados para carne ou laticínio ou o que for, e sejam os produtos promovidos como “felizes” ou não, terminam suas vidas em meio ao barulho e à sordidez do mesmo horrível matadouro.
Se você não for vegano, torne-se vegano. Apesar das proclamações negativas do Viva! e muitas outras empresas animais grandes de que o veganismo é difícil ou intimidador, o veganismo é muito fácil. E por mais difícil que você possa achar ser vegano, pense em como é difícil, para os animais, o fato de você não ser vegano.
O veganismo é melhor para a sua saúde e o planeta. E, mais importante ainda, é a coisa moralmente certa e justa a fazer. O veganismo ético é uma maneira poderosa de dizer “não” à exploração animal.
Se você for vegano, então eduque os outros sobre o veganismo. Seu próprio veganismo e seus esforços para se engajar na educação vegana não violenta criativa são as maneiras mais eficazes de ajudar.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Defesa eficaz dos direitos animais — em três passos fáceis

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 5 de outubro de 2010

Caros(as) colegas:
Você quer ser um eficiente defensor dos direitos animais? É fácil. Eis aqui três passos simples:
Primeiro, torne-se vegano.
Se você considera os animais membros da comunidade moral — se você rejeita a noção de que os animais são coisas — você realmente não tem nenhuma escolha, a não ser parar de usar animais para comida, roupa e outros produtos ou finalidades.
Não dá para você rejeitar a escravidão animal enquanto você estiver participando diretamente da escravidão animal através do seu uso de animais não humanos como recursos dos humanos.
Tornar-se vegano é a coisa mais importante que você pode fazer a fim de ajudar os animais e expressar seu apoio à justiça para os animais não humanos. Tornar-se vegano é aplicar o princípio da abolição à sua própria vida. Tornar-se vegano é dizer “não” à exploração animal.
Não é uma questão de compaixão somente; é uma questão de justiça fundamental. A compaixão pode nos tocar emocionalmente, mas o veganismo é o mínimo que devemos aos animais, como uma simples questão de obrigação moral.
Tornar-se vegano é fácil; é melhor para a sua saúde e para o planeta. E, mais importante ainda, é melhor para o seu espírito porque é a coisa moralmente certa a fazer.
Segundo, pratique a educação vegana não violenta criativa.
Tente conversar sobre o veganismo com ao menos uma pessoa diferente por dia. Você vai descobrir que fazer isso é mais fácil do que você pensa, e que as pessoas são receptivas.
Não caia na armadilha bem-estarista de promover o vegetarianismo. Não há nenhuma diferença entre a carne e os outros produtos animais. Os animais usados para laticínios normalmente são mantidos vivos por mais tempo e tratados tão mal quanto (ou pior ainda do que) os animais usados para carne, e todos eles terminam no mesmo matadouro, de todo jeito. Não promova ovos “felizes” de aves livres de gaiolas, nem carne “feliz”, nem laticínios “felizes”. Tudo isso envolve exploração animal. Não deixe que ninguém venha lhe dizer que o público é idiota demais, ou insensível demais, para levar o veganismo a sério. Isso é uma propaganda elitista que permite que os grupos grandes de bem-estar animal vendam indulgências ao público fazendo as pessoas se sentirem melhor quanto à exploração animal.
Podemos reconhecer que as pessoas “chegarão lá em seu próprio ritmo”, mas nunca devemos aceitar que o “lá” seja menos do que o veganismo. Quem não estiver pronto para se tornar vegano dará qualquer passo provisório que escolher, mas pelo menos a mensagem de que o veganismo é a base moral deve ser clara como a água.
Terceiro, adote um animal sem lar.
Há milhões de animais que necessitam de lares. Nós temos obrigação de cuidar desses animais. Então ofereça um lar a quem você puder: cachorro, gato, peixe, coelho, tartaruga — ou uma vaca, cabra ou galinha — qualquer um.
Adotar é o melhor modo de você trazer amor à sua vida ao mesmo tempo em que faz a coisa certa pelos animais.
Aí está. Defesa dos direitos animais em três passos fáceis. Não requer grupos grandes, nem mulheres nuas dentro de jaulas, nem comercialização de moralidade, nem venda de passes morais.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda

sábado, 2 de outubro de 2010

IndyMediaLive –Terça-feira, 5 de outubro

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 30 de setembro de 2010

Caros(as) colegas:
Serei entrevistado no IndyMediaLive nesta terça-feira, 5 de outubro. O programa vai ao ar pela WRIR 97.3 FM de Richmond, Virgínia, das 12:30h às 13:00h (13:30h às 14:00h, horário de Brasília). A apresentadora é Rebecca Faris.
Estarei discutindo a abordagem abolicionista, o veganismo e a não violência. Espero que vocês tenham a oportunidade de ouvir o programa. Ele é transmitido via streaming e fica arquivado no site.
Se vocês não forem veganos(as), tornem-se veganos(as). É muito fácil, melhor para a saúde e o planeta. E o mais importante de tudo é que é a coisa moralmente certa e justa a fazer.
Se vocês forem veganos(as), então eduquem os outros de um modo criativo e não violento.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda

Teoria abolicionista/vegana no Canadá

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 29 de setembro de 2010

Caros(as) colegas:
Neste fim de semana estarei fazendo duas apresentações na área de Toronto.
Na sexta-feira, 1 de outubro, às 15:30h, estarei discutindo, como parte do evento University of Guelph Philosophy Department Speaker Series, a visão bem-estarista de que os animais não humanos têm um valor moral menor do que os humanos. Segundo os bem-estaristas, de Bentham até Singer e a maioria dos grupos grandes de bem-estar animal, os animais (com a possível exceção de alguns que são parecidos com os humanos, como os grandes símios não humanos) têm interesse em não sofrer mas não têm interesse em continuar a viver. A razão apresentada para justificar esse ponto de vista é que os animais não têm uma consciência de si à maneira dos humanos normais. Os bem-estaristas afirmam que a questão moral principal é o tratamento dado aos animais, e não o uso de animais. É esse pensamento que responde pelo movimento “flexitariano” e “carne feliz”.
Vou argumentar que as noções bem-estaristas sobre a cognição e a consciência de si dos animais são, elas mesmas, especistas, e tomam por resolvida a questão do igual valor moral de todos os seres sencientes e de se a condição dos animais não humanos como propriedade pode ser justificada.
A apresentação no Departamento de Filosofia é gratuita e aberta ao público.
No sábado, 2 de outubro, apresento um texto sobre direitos animais e os problemas com a condição dos animais como propriedade, e também sobre a não violência, num fórum anual de bem-estar animal na University of Guelph School of Veterinary Medicine (11th Annual Animal Welfare Forum).
Muitos defensores dos animais passam seu tempo conversando apenas com outros defensores que pensam de modo parecido com o deles. Isso não vai fazer a coisa avançar. Precisamos estar falando com as pessoas do público geral, inclusive aquelas que adotam uma abordagem bem-estarista mas rejeitam a perspectiva direitos/abolicionista, como os veterinários. No sábado, estarei me ocupando de pessoas comprometidas com o bem-estarismo, e espero pelo menos estimulá-las a pensarem sobre os limites práticos das reformas do bem-estar e os problemas morais do uso de animais (por mais “humanitário” que seja o modo de usá-los) em geral.
O evento na Veterinary School é gratuito, mas é melhor se registrar porque o espaço é limitado.
Se você não for vegano(a), torne-se vegano(a). É muito fácil, melhor para a saúde e o planeta. E o mais importante de tudo é que é a coisa moralmente certa e justa a fazer.
Se você for vegano(a), então eduque os outros de um modo criativo e não violento.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda