sábado, 30 de janeiro de 2010

Gandhi: no 62º aniversário de sua morte

Postado por Gary L. Francione em seu blog

Caros(as) colegas:
Hoje faz sessenta e dois anos que Mahatma Gandhi foi assassinado.
Hoje, meditemos durante alguns minutos a respeito do ensinamento fundamental de Gandhi sobre a Ahimsa (ainsa), ou não-violência.
Gandhi disse muitas coisas sobre as quais vale a pena meditar. Duas das minhas favoritas são:
Você precisa ser a mudança que quer ver no mundo.
Os fracos nunca conseguem perdoar. O perdão é o atributo dos fortes.
Não esqueçam que a violência é o problema; nunca vai ser a solução. Se quisermos uma mudança real, nós precisamos mudar. Precisamos viver uma revolução do coração, em que nos damos conta de que a paz é o único caminho a ser seguido. Todos os outros caminhos nos levarão ao lugar errado.
Pratiquem a paz e a não-violência em seu cotidiano; em todas as interações que vocês tiverem. Isso não significa que vocês não devam falar a verdade. Gandhi era insistente quanto à satyagraha, ou ficar firme do lado da verdade.  Mas ele acreditava que sempre devemos expressar essa verdade sem violência em nossos pensamentos, palavras e ações.


Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione

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Tradução: Regina Rheda

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Uma “vitória”? Para quem?

Postado por Gary L. Francione em seu blog

Caros(as) colegas:
Ontem saiu a notícia de que o estadunidense Johnny Weir, que faz patinação artística no gelo, decidiu não aplicar uma pele de raposa branca no ombro esquerdo de seu figurino, depois de ter recebido “cartas de ódio e ameaças de morte de ativistas pelos direitos animais”.
Alguns defensores dos animais estão chamando a decisão de Weir de uma “vitória”.
Eu acho isso difícil de entender.
Primeiro, assim como todas as campanhas centradas em um só tema, promovidas por novos bem-estaristas, esse incidente dá a ideia de que há, de algum jeito, uma distinção moralmente relevante entre a pele e os outros produtos animais. Como observou o próprio Weir:
“Todos os patinadores estão usando patins feitos de vaca”, disse Weir.
“Talvez eu esteja usado uma raposinha bonitinha, enquanto os demais estão usando vaca, mas todos nós estamos usando animais”.
A observação de Weir está correta, é claro. E eu desconfio que também será usada muita lã. É por isso que campanhas de um só tema, como esta, têm o efeito de confundir o público, em vez de educá-lo.
Em todo caso, o fato de Weir anunciar que não vai usar o contorno de pele em seu figurino é como um participante de um banquete de filé anunciar que não vai comer a sobremesa preparada com ovos. E daí?
Segundo, e mais importante, a decisão de Weir não teve nada a ver com ele rejeitar peles baseado na questão moral.
Weir alega ter recebido “cartas de ódio e ameaças de morte de ativistas pelos direitos animais”:
“Espero que esses ativistas consigam entender que minha decisão de mudar meu figurino não é, de modo algum, uma vitória para eles, mas um empate”, expressou Weir em sua declaração. “Eu não estou mudando para satisfazê-los, mas para proteger minha integridade e a integridade dos Jogos Olímpicos, assim como os meus colegas competidores.
“Tenho só algumas semanas antes de dar a largada sobre o gelo em Vancouver e preciso me preocupar com a técnica e o treinamento. Isso é mais importante do que qualquer figurino e qualquer ameaça que eu possa receber”.
Isso não é nenhuma vitória para os animais. Na realidade, é uma derrota. Nunca temos sucesso quando a “vitória” é baseada em violência e ameaças de violência. A violência é inerentemente errada. E é estrategicamente tola, já que reforça a caracterização dos “defensores dos animais” como loucos que ameaçam as pessoas para que elas se submetam a eles. É compreensível que isso alimente o ressentimento do público e impeça uma discussão séria sobre a exploração animal.
Talvez Weir estivesse preocupado com a possibilidade de atirarem uma torta nele, enquanto ele estivesse patinando. A preocupação de Weir não é infundada. Na semana passada, a PETA atirou uma torta em Gail Shea, a ministra de Zonas de Pesca o Oceanos do Canadá. Em todo caso, Weir tomou um decisão prática, simples e calculada, e não uma decisão ética, e ele fez o mundo ficar sabendo disso.
Se for para o paradigma mudar algum dia, nós precisamos efetuar uma revolução do coração. Em minha opinião, o foco central deve ser a educação vegana não-violenta criativa. As campanhas centradas em um só tema apenas reforçam a percepção pública de que a postura dos direitos animais é incoerente: qual a diferença entre um contorno feito de pele e os patins de couro ou as roupas de lã? E nós nunca vamos chegar a lugar algum, com violência ou ameaças de violência. O problema é a violência; a violência não vai ser nenhuma parte da solução.


Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione


PS. Eu cordialmente estendo um convite aberto a Priscilla Feral, que é  presidente do Friends of Animals, o grupo que publicou a carta aberta a Weir, para discutir comigo, em um podcast, a questão Weir e o bom senso, ou não, das campanhas centradas em um só tema de um modo geral. E claro que também permaneço aberto a discutir, cordialmente, as questões do neobem-estarismo [ou novo bem-estarismo] com Wayne Pacelle, Ingrid Newkirk ou os cabeças dos outros grandes grupos, assim como Peter Singer e Bernie Rollins.

Quero enfatizar que de modo algum questiono a sinceridade de qualquer dessas pessoas. De fato, estou certo de que elas são sinceras em suas crenças. Só que eu sinceramente acredito que a abordagem um só tema / neobem-estarista está errada, e acho que discutir as questões pode ajudar a afiná-las. 

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Tradução: Regina Rheda

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A maré está virando

Postado por Gary L. Francione em seu blog/podcast em 26 de janeiro de 2010

Caros(as) colegas:

Victor Schonfeld, o diretor do influente The Animals Film [O filme dos animais], de 1982, complementou seu programa de duas partes transmitido pela BBC World Service, One Planet: Animals and Us [Um planeta: os animais e nós], com o editorial The Five Fatal Flaws of Animal Activism [As cinco falhas fatais do ativismo animal] no Guardian, um dos principais jornais do Reino Unido.

Schonfeld mais uma vez deixou claro que o movimento dominante perdeu o rumo. Ele criticou as campanhas do bem-estar, a promoção das carnes e outros produtos animais “felizes”, o persistente sexismo da PETA e o fato de darem prêmios a projetistas de matadouros. Mais uma vez, ele endossou a ideia de que o veganismo deveria ser a base moral.

Chama a atenção o fato de que Schonfeld foi criticado pelo Vegan Outreach, que agora é, de forma transparente, parte da iniciativa bem-estar animal / carne “feliz”. Porém, mais notável ainda foi que, três dias depois de o editorial de Schonfeld ser publicado, Ingrid Newkirk, da PETA, respondeu no the Guardian, defendendo o status de organização de bem-estar animal da PETA e chamando suas campanhas sexistas de “palhaçadas inofensivas”.

Eu escrevi um texto no blog sobre o editorial de Newkirk.

Neste Comentário, discuto se a maré está virando a favor de um ativismo vegano abolicionista não-violento e criativo. Meus convidados são o Dr. Roger Yates, que leciona sociologia na University of Wales e na University College (Dublin), e é um importante sociólogo do movimento de defesa animal, e Vincent J. Guihan, um aluno de doutorado da Carleton University, no Canadá, que tem um sentido bem afiado da política do movimento de defesa animal.


Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione


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Tradução: Regina Rheda

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

As respostas deveriam ser claras

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 23 de janeiro de 2010

Caros(as) colegas:
Numa tentativa feita por Ingrid Newkirk de lidar com o forte artigo de Victor Schonfeld, intitulado Five Fatal Flaws of Animal Activism [Cinco falhas fatais do ativismo animal], Newkirk procurou defender as reformas bem-estaristas da seguinte maneira:
Àqueles que depreciam o gradualismo, o filósofo prático Peter Singer perguntaria: “Vocês prefeririam viver no horror em que estão, criados para crescer sete vezes mais depressa do que o que seria natural, de forma que seus ossos se quebrassem e seus órgãos falissem, ou vocês prefeririam poder viver sem dor crônica?  Vocês prefeririam viver amontoados e espremidos em uma pequena gaiola sem poder erguer suas asas, fazer um ninho, nem fazer praticamente mais nada que gostariam de fazer, ou prefeririam, pelo menos, poder andar? Vocês prefeririam ser presos pelos pés e pendurados de ponta-cabeça, e depois ser escaldados até a morte, ou perder a consciência quando o cercado em que vocês estivessem passasse por um atordoador por atmosfera controlada?” As respostas deveriam ser claras.
Façamos perguntas semelhantes, no contexto da exploração humana:
Você preferiria ganhar um sorvete antes de ser molestado? Preferiria não ser torturado antes de ser assassinado? Preferiria ser torturado durante 15 minutos em vez de 20 minutos, antes de ser assassinado?  Preferiria não ser espancado antes de ser estuprado? Preferiria ser torturado numa simulação de afogamento sobre uma prancha que fosse estofada, em vez de uma prancha sem estofamento?
As respostas deveriam ser claras.
É claro que é melhor causar menos dano do que mais dano. Mas isso passa por cima da questão fundamental, que é a de determinar se podemos justificar a imposição do dano, para começo de conversa. Se o estupro é errado, nós não deveríamos fazer campanhas pelo estupro “humanitário”. A mesma análise se aplica à pedofilia, à tortura, ao assassinato, etc.
Além disso, Newkirk não reconhece uma realidade econômica simples: devido ao fato de os animais serem propriedade e não terem nenhum valor inerente, as únicas reformas do bem-estar que são aceitas são aquelas que nos oferecem um benefício econômico. A PETA reconhece isso explicitamente em sua campanha pela asfixia de aves com gás –esse método de abate é muito melhor, em termos econômicos, para os produtores. É precisamente por isso que esse método de matar está sendo cada vez mais adotado pelos abatedouros/frigoríficos de galinhas. Isso faz sentido, economicamente. Mas a realidade econômica dos animais como propriedade significa que o nível de proteção oferecido pelo bem-estar será sempre muito baixo e estará sempre ligado à exploração economicamente eficiente dos animais. Então a PETA se tornou, efetivamente, uma sócia da indústria, a fim de tornar a exploração animal mais eficiente. Que ótimo.
O que Newkirk não se preocupa em mencionar sobre Singer é que ele não acha que comer animais ou produtos de origem animal seja inerentemente problemático. De fato, Singer disse várias vezes que como a maioria dos animais não tem interesse na própria vida, o problema não é o fato de nós usarmos animais, mas sim o modo de os usarmos. Singer acha que ser onívoro é moralmente aceitável, se você tomar o cuidado de comer carnes e outros produtos provenientes de animais que tenham sido criados e abatidos de modo “humanitário”. Eu discuti extensamente essa questão em meus livros (particularmente no Animals as Persons: Essays on the Abolition of Animal Exploitation e no The Animal Rights Debate: Abolition or Regulation?, que está para sair pela Columbia University Press em abril de 2010), mas vocês podem ler alguns ensaios sobre esse tema aqui. (Vejam: 1, 2, 3, 4).
Newkirk, cuja organização, segundo a revista Newsweek, mata aproximadamente 85% dos animais que resgata, parece concordar com a ideia de que a morte não é, em si, um dano aos animais. Então, para Singer e Newkirk, a questão é o tratamento, não o uso. Mas esse modo de analisar o problema é fundamentalmente diferente daquilo que faríamos, se os envolvidos fossem humanos. E eu afirmo que o que dá conta da diferença é o especismo.
A maioria entre nós diz acreditar que é moralmente errado infligir sofrimento e morte “desnecessários” aos animais. Quaisquer que sejam as outras coisas que a palavra “necessidade” signifique, ela deve significar que não podemos justificar a imposição de sofrimento e morte aos animais por razões de prazer, diversão e conveniência. O fato de que acreditamos nisso foi demonstrado de modo convincente nos protestos relacionados a Michael Vick e suas rinhas de cães.
Mas, conforme observei em meu artigo We’re All Michael Vick [Somos todos Michael Vick], não há nenhuma diferença entre ficar na frente de uma arena de rinha vendo cães brigarem e ficar na frente de uma churrasqueira assando os cadáveres de animais que foram tão torturados quanto os cães de Vick. Nós não precisamos comer produtos de origem animal. Na verdade, cada vez mais profissionais da assistência médica do mainstream estão reconhecendo que os produtos animais são nocivos à saúde humana. E a produção de animais para consumo é, inquestionavelmente, um desastre ambiental. Certo, pagamos outra pessoa para realizar a matança, mas essa é uma diferença sem uma distinção moral.
Então, o fato de continuarmos a consumir produtos animais contraria um princípio moral que a maioria de nós (com a irônica exceção de Singer e Newkirk, o pai e a mãe do movimento “carne feliz”) aceita: todas as outras coisas sendo iguais, o fato de que uma ação causa sofrimento e morte a um ser senciente coloca sobre nós a responsabilidade de fornecer uma justificação; nunca deveríamos ferir qualquer criatura senciente que seja, sem uma razão muito boa. E o prazer do nosso paladar não é uma razão melhor do que o divertimento de Vick vendo as brigas de cães.
Então, por que não reconceptualizamos a pergunta e indagamos: é melhor torturar seres sencientes um pouquinho menos ou comer alimentos que não impliquem sofrimento nem morte e que sejam melhores para nosso corpo e o planeta?
A resposta deveria ser clara.
Como consideração final, eu observo que Newkirk diz o seguinte, em resposta às criticas que Schonfeld faz ao sexismo da PETA:
Quanto às mulheres sensuais em nossos comerciais, às fantasias tolas, às representações de rua e às distribuições de sanduíche de tofu, num mundo em que as pessoas querem sorrir, não resistem a uma imagem atrativa e estão a fim de uma refeição gratuita, se essas palhaçadas, tão inofensivas, permitirem que alguns indivíduos reconsiderem seu próprio papel na exploração dos animais, como isso pode ser condenado?
Será que Newkirk realmente pensa que o sexismo e a continuação da coisificação das mulheres, num mundo em que o estupro e o assédio sexual ocorrem a cada segundo de cada dia, constituem “palhaçadas inofensivas”?
Newkirk realmente pensa que seja uma boa ideia colocar um “sorriso” nos rostos das pessoas, com relação à questão do sexismo?
Newkirk realmente pensa que a matança de 56 bilhões de animais por ano (sem contar os peixes) seja uma situação para se evocar um “sorriso”?
Deveríamos ter mulheres nuas arrecadando dinheiro para o Haiti, para que as pessoas “sorriam”?
Será que Martin Luther King, Jr., invocado no último comercial da PETA que tem uma mulher de cor fazendo um striptease “pelos animais", teria aderido à ideia de colocar um “sorriso” no rosto das pessoas, ficando nu em vez de sentar no fundo do ônibus?
De novo, Ingrid, as respostas deveriam ser claras.

Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione

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Tradução: Regina Rheda

sábado, 23 de janeiro de 2010

Explorando a exploração

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 22 de janeiro de 2010

Caros(as) colegas:
Em 2007, escrevi um ensaio em resposta ao PETA’s State of the Union Undress [Discurso da PETA sobre o estado nu e cru da nação] para 2008.
A PETA agora fez um State of the Union Undress para 2010, desta vez apresentando a nudez frontal completa de uma mulher de cor –tudo “pelos animais”, é claro.
A PETA termina seu vídeo com uma citação de Martin Luther King, Jr.
Alguém realmente pensa que isso está fazendo alguma coisa “pelos animais”?
Nenhum movimento por uma mudança social que quisesse apoiadores inteligentes e progressistas faria uma coisa como essa. E eu não consigo me lembrar de nenhum movimento fazendo uma coisa como essa.
Não vou comentar mais porque se você não vê o PETA’s State of the Union Undress (e o sexismo em geral) como terrivelmente errados em diversos níveis, então realmente não há nada que eu possa dizer para convencê-lo(a).
Esperemos que, em 2010, possamos fazer algum progresso no sentido de convencer o público de que os direitos animais levantam questões sérias e não são simplesmente uma desculpa para as palhaçadas infantis daqueles que obtêm lucro explorando a exploração de humanos e não-humanos.


Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione

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Tradução: Regina Rheda

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Martin Luther King, Jr.: seu sonho e nossa realidade

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 18 de janeiro de 2010

Caros(as) colegas:
Hoje é o dia em que celebramos a vida e o trabalho de Martin Luther King, Jr.
O Dr. King defendeu dois valores importantes e fundamentais: a não-violência e a igualdade.
Quarenta e dois anos após o assassinato do Dr. King, continuamos sendo uma nação de desigualdade. Pessoas de cor, mulheres, gays, lésbicas e outros continuam sendo tratados como cidadãos de segunda categoria. Sim, as coisas mudaram, mas ainda não conseguimos a igualdade entre todos os humanos. E os animais não-humanos continuam sendo propriedade sem qualquer valor inerente.
Quarenta e dois anos após o assassinato do Dr. King, continuamos achando que a violência é a solução para todos os problemas.  Ainda não aprendemos que a violência é o problema; não é a solução para o problema.
Hoje devemos reservar alguns minutos para meditar sobre as noções de igualdade e não-violência. Devemos resolver tornar realidade o sonho do Dr. King. No fim, o sonho dele é a única coisa que vai redimir nossa realidade.

Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione

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Tradução: Regina Rheda

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Victor Schonfeld: “As cinco falhas fatais do ativismo animal”

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 18 de janeiro de 2010

Caros(as) colegas:

Em 1982, Victor Schonfeld fez o influente The Animals Film [O filme dos animais], narrado por Julie Christie. Esse foi o primeiro filme a documentar de que maneiras os humanos tratam os não-humanos. Esse filme imprimiu imagens profundas nas mentes de muitas pessoas que o viram na época (eu, por exemplo) e ajudou a motivar o então emergente movimento pelos direitos animais.

Schonfeld retornou recentemente para fazer um programa de duas partes na BBC World Service, chamado One Planet: Animals and Us [Um planeta: os animais e nós], no qual ele perguntou: Progredimos ou não? Nossa relação com os animais não-humanos continua sendo tão exploradora quanto em 1982? No primeiro segmento, ele tratou do uso que fazemos de animais para comida, focando nas fazendas industriais. No segundo segmento, ele focou na vivissecção. Na conclusão do segundo segmento, ele expressou sua preocupação com o fato de que não houve muito avanço, e incluiu o apelo para que o veganismo seja a “base moral” do movimento pelos direitos animais.

A BBC World Service tem os programas radiofônicos mais ouvidos em todo o mundo. O fato de o veganismo ter sido discutido no programa é estimulante. Se vocês não tiverem ouvido as duas partes do Animals and Us, por favor ouçam. Eu não concordo com tudo que Schonfeld diz, mas ele fez um ótimo trabalho, dada a complexidade das questões e o pouco tempo que ele teve.

Na edição de hoje do Guardian (Reino Unido), Schonfeld publicou o artigo Five fatal flaws of animal activism [Cinco falhas fatais do ativismo animal]. As informações básicas destacadas:

Desde pôsteres cafonas de pessoas nuas até conceitos duvidosos como “carne feliz”, os grupos de defesa dos direitos animais estão perdendo a luta por uma mudança real.

Schonfeld declara que seu exame da cena contemporânea ao fazer o Animals and Us

deixou nítido que os esforços dos grupos organizados a favor dos animais têm sido, até agora, largamente infrutíferos em termos de objetivos finais, e que as campanhas por pequenas mudanças são, muito possivelmente, contraproducentes. O ativismo organizado está precisando desesperadamente de novas perspectivas.

Ele identificou cinco problemas em particular: (1) o fato de o movimento de defesa animal não ter tentado se conectar com outras causas sociais progressistas; (2) o uso do sexismo, supostamente para promover os direitos animais; (3) a parceria que efetivamente se desenvolveu entre as grandes organizações de defesa animal e os exploradores institucionais; (4) a promoção das carnes e outros produtos animais “felizes”; e (5) a falta geral de estratégia.

Schonfeld termina seu artigo:

Os ativistas da causa animal não têm se questionado ou refletido seriamente sobre as questões difíceis, e os feitos que as organizações realizam para se exibir e se autopromover substituem o trabalho, menos glamoroso, de descobrir como ajudar cada um de nós a mudar seu modo de viver. Muito barulho, pouca mudança. Talvez esteja na hora de inverter isso.

Eu termino este ensaio com três pensamentos:

Primeiro, Schonfeld provavelmente já está sendo bombardeado pelas grandes organizações de bem-estar animal e os seguidores delas, que o estão criticando por ousar criticar as táticas dos grandes grupos. Todos nós sabemos que expressar qualquer discordância em relação às táticas dos grandes grupos, ou mesmo solicitar um debate sobre essas táticas, é um convite a ser recriminado e acusado de “divisionista” e de “não se importar com os animais”. Escrevam uma linha para Schonfeld (info@beyondtheframe.co.uk) dizendo que apreciam sua coragem de levantar essas questões.

E também deixem um comentário inteligente no site do Guardian. Muitos dos comentários postados lá, no presente momento, não estão fazendo nada para provocar debate e discussão.

Segundo, hoje, o dia em que o artigo de Schonfeld apareceu no Reino Unido, é o Dia de Martin Luther King nos Estados Unidos. Infelizmente, continua havendo muito racismo aqui e em todos os outros lugares, e hoje (e todos os dias) nós deveríamos refletir sobre melhores meios de conseguir igualdade no mundo. Para conectar as ideias contidas no artigo de Schonfeld com o Dia de Martin Luther King, façam-se a seguinte pergunta: Martin Luther King promoveria uma campanha do tipo “Prefiro andar nu a sentar no fundo do ônibus”? Não, claro que não.


Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione

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Tradução: Regina Rheda

domingo, 17 de janeiro de 2010

Comercializando O MUNDO É VEGANO! Se você quiser.

Postado por Gary L. Francione em seu blog

Caros(as) colegas:

Eu soube que alguns “simpatizantes dos animais” estão comercializando camisetas e outros itens com o slogan O MUNDO É VEGANO! Se você quiser. Eles também estão pondo o URL do nosso website junto. Aparentemente, estão obtendo lucro financeiro com isso.
Por favor, compreendam que eu e este site não temos nada a ver com esses esforços, e não vamos solicitar nem aceitar dinheiro para promover essa ideia de paz e não-violência. O uso do nosso URL nesses produtos dá a falsa impressão de que nós os endossamos ou temos alguma conexão com eles. Estamos notificando os fornecedores desses produtos, à medida que vamos tomando conhecimento dos casos.
O objetivo da campanha do outdoor virtual era espalhar a ideia do veganismo e da nossa capacidade de ter um mundo vegano. A ideia não era alguns “simpatizantes dos animais” transformarem isso num empreendimento comercial.
Se vocês virem algum produto desse sendo vendido, por favor contatem nosso site.
Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Comentário: análise do segundo segmento do “Animals and Us”

Postado por Gary L. Francione em seu blog/podcast em 12 de janeiro de 2010

Caros(as) colegas:

O segundo segmento do One Planet: Animals and Us [Um planeta: os animais e nós] da BBC, apresentado por Victor Schonfeld (que fez o influente The Animals Film [O filme dos animais] em 1982), enfocou a vivissecção. Schonfeld terminou o programa concordando com a ideia de que o movimento pelos direitos animais precisa de diretrizes bem claras, e explorou o veganismo como um possível meio de se lidar com o problema da exploração animal.
A BBC World Service tem os programas de rádio mais ouvidos em todo o mundo. O fato de o veganismo ter sido discutido no programa é estimulante.
Neste Comentário, eu, o Dr. Roger Yates e a produtora de podcast Elizabeth Collins, da Nova Zelândia, discutimos o segundo segmento do “Animals and Us”.
Também comentamos o mais recente apoio de Norm Phelps ao novo bem-estarismo.


Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione


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Tradução: Regina Rheda

domingo, 10 de janeiro de 2010

A importância da adoção; há tantas Christines


Caros(as) colegas:
Há algumas semanas, nós adotamos Christine. Ela é uma golden retriever de 9 anos que foi entregue pela sua família humana a um abrigo que mata, em sua cidade. A família “não tinha mais tempo para ela”. Christine foi adotada por uma pessoa que a devolveu um dia depois, dizendo que a cachorra não tinha se dado bem com o outro canino da casa.

Nós adotamos Christine porque é mais difícil conseguir lares para cães mais velhos, particularmente se eles já tiverem sido devolvidos. Ela é só alegria e, assim que entrou em nossa casa, já se deu muito bem com nossos outros cachorros. Adora brincar na neve e aos poucos está superando a confusão que necessariamente ocorre quando você está em um lugar por nove anos e daí não está mais. E ela absolutamente ama sua comida vegana! (Mas, para ser justo, ela é uma golden e comeria até papelão, então nós achamos que os nossos caninos mais seletivos são uma indicação melhor do quanto os cães apreciam uma boa refeição vegana).
Há sempre animais não-humanos necessitando de lares, mas, dada a atual crise econômica, muitas pessoas estão perdendo suas casas, e muitos abrigos já estão lotados ou quase lotados. Há tantos casos tristes por aí.
Por favor, se você puder adotar um animal sem lar –um cão, um gato, uma ave, um camundongo, um peixe– qualquer um que precisar de um lar, adote. A adoção é uma importante forma de ativismo; eles estão nessa situação por nossa causa. O mínimo que podemos fazer é cuidar de alguns deles.
E se você adotar, não esqueça que talvez precise de algum tempo e esforço para fazer um novo membro da família se acostumar e se sentir à vontade com a nova família dele. Se um novo cão ou gato tiver alguma dificuldade para se ajustar, não desista. Isso é normal. Nós tivemos vários cachorros “problemas” ao longo dos anos e sempre fomos capazes de resolver o problema com amor, paciência e compreensão.
E uma coisa eu posso dizer com certeza: nossa família canina tem nos retribuído todo esse amor, multiplicado.
Então por favor adote, se puder.

Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione

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Tradução: Regina Rheda

sábado, 9 de janeiro de 2010

Newsweek: Carne "feliz"


Caros(as) colegas:
A revista Newsweek tem um artigo, No More Sacred Cows [Vacas sagradas nunca mais], cuja legenda destacada é:
“Alguns vegetarianos de longa data estão retornando à carne, mas só com rebanhos alimentados com capim e criados de modo sustentável, como estas vacas na fazenda Hawthorne Valley, em Ghent, N.Y”.
Eis para onde o movimento “carne feliz” está nos levando. Esses animais ainda estão sendo tratados de maneira horrível, e a vida de todos eles termina em meio ao barulho, ao fedor e ao terror do matadouro.
A principal diferença é que os humanos se sentem mais tranquilos quanto a consumi-los.
©2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda