terça-feira, 8 de março de 2011

A ciência dá sua opinião: a reforma do bem-estar animal é inútil

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 3 de março de 2011

Caros(as) colegas:
As pessoas que apoiam reformas do bem-estar animal estão todas entusiasmadas. Elas estão mostrando um artigo no Journal of Agricultural Economics intitulado Impacts of Animal Well-Being and Welfare Media on Meat Demand [Impactos do bem-estar animal e da mídia do bem-estar na demanda por carne], e os bem-estaristas alegam que a “Ciência finalmente dá sua opinião: as campanhas por reformas bem-estaristas fazem o público comprar significativamente menos carne”.
Estou conversando com colegas treinados em Economia e Estatística/Desenho de Estudo para apresentar uma resposta completa a esse estudo, que eu acho que padece de múltiplos problemas metodológicos e é mal desenhado. Mas eu diria que mesmo um exame casual do artigo indica que as alegações dos bem-estaristas são, para dizer o mínimo, exageradas.
Primeiro, o consumo de carne está aumentando e não diminuindo. Esse estudo não diz que as campanhas do bem-estar resultaram em uma diminuição real do consumo. Em vez disso, ele diz que a demanda, que foi medida durante um período de aproximadamente dez anos, não aumentou tanto quanto os autores teriam pensado se a atenção prestada pela mídia nas questões do bem-estar não tivesse aumentado. Os autores reconhecem que essa redução no aumento da demanda é “pequena, mas estatisticamente significativa”.
Há muitos, muitos problemas com o estudo. Por exemplo, os autores não foram capazes de encontrar o mesmo resultado “pequeno” no caso das vacas. Além do mais, eles alegam que “essa demanda perdida sai do complexo da carne, em vez de derramar sobre a demanda por carnes concorrentes e aumentá-la”. Mas eles definem o “complexo da carne” como abrangendo vacas, porcos e frangos. O índice menor do aumento da demanda, por pequeno que os autores reconhecem que seja, pode ter desviado para muitos dos outros produtos animais que não são parte desse “complexo da carne” como definido. Os autores também deixam claro que há problemas em ligar os resultados que eles encontraram às preocupações do bem-estar animal.
Em resumo: o consumo geral de animais está aumentando, mas o de porcos e frangos não aumentou tanto quanto o geral, e isso pode ter sido por causa das preocupações do bem-estar animal, mas também pode não ter tido nada a ver com as preocupações do bem-estar animal, e qualquer falha no aumento da demanda pode muito bem estar refletindo uma mudança para peixes, ovos, laticínios e comidas preparadas com carne.
E os bem-estaristas estão entusiasmados com isso?
Nos últimos dez anos, as organizações do bem-estar gastaram bilhões de dólares na promoção de campanhas bem-estaristas. Fora os problemas metodológicos com esse estudo, se isso for o melhor que os bem-estaristas têm para mostrar, então eu concordaria que a ciência realmente deu sua opinião: a reforma do bem-estar é inútil e completamente custo-ineficiente.
Vou postar mais informações sobre uma resposta mais formal à medida que as coisas se desenvolverem.
Se vocês não forem veganos(as), tornem-se veganos(as). É fácil; é melhor para a sua saúde e o planeta. Mas o mais importante é que é a coisa moralmente certa a fazer. Vocês nunca farão mais nada tão fácil e tão gratificante em suas vidas.
Gary L. Francione
© 2011 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda