domingo, 28 de novembro de 2010

Peter Singer e eu concordamos quanto a uma coisa: a não violência

Postado por Gary L. Francione em seu blog em 27 de novembro de 2010

Caros(as) colegas:
Recentemente, Peter Singer postou o seguinte Tweet em resposta ao recebimento, por um vivisseccionista da UCLA, de lâminas de barbear alegadamente infectadas com sangue contaminado:
Pô…como isso vai ajudar os animais? Tudo que isso faz é dar a pior imagem possível ao movimento pelos animais. http://tinyurl.com/27xmlkr
Eu concordo com Singer que violência como essa dá uma imagem negativa do movimento pelos animais, e acho que o problema é mais complicado do que a imagem pública somente. Pondo um pouco de lado qualquer problema moral geral com a violência, a palhaçada da UCLA simplesmente não faz sentido. Sem dúvida, o vivisseccionista da UCLA está explorando injustificavelmente os animais. Mas qualquer pessoa que usa animais também está, inclusive aquela que consome produtos de origem animal. Não há realmente nenhum modo, com base em princípio, de fazer uma distinção entre quem se ocupa da vivissecção e quem consome qualquer tipo de carne, laticínio ou outros produtos animais, incluindo os produtos “felizes”. As pessoas que promovem a violência estão dispostas a considerar seus avós, que assaram um peru para o Dia de Ação de Graças, como um alvo apropriado de violência? Elas estão dispostas a tratar seus familiares ou amigos, que tomam sorvete ou leite ou consomem qualquer produto animal, como a “escória abusadora de animais” que é o alvo legítimo da violência? Não, é claro que não.
O único meio de resolver o problema da exploração animal será desviando o paradigma da propriedade e direcionando-o à personalidade, e isso não acontecerá — nós nunca acharemos nosso compasso moral aqui — enquanto consumirmos produtos animais. Isso certamente nunca acontecerá como resultado de violência. Se o pensamento social e a demanda pública por uso de animais permanecerem os mesmos, nada mudará, nunca. Se você fecha dez matadouros hoje e a demanda permanece a mesma, mais dez matadouros serão abertos amanhã, ou dez já existentes expandirão sua capacidade de produção. Para mais sobre este tópico, veja 1, 2, 3, 4, 5 e ouça meu Comentário sobre o assunto. Também discuto este tópico em meu novo livro, The Animal Rights Debate: Abolition or Regulation?, publicado em novembro de 2010 pela Columbia University Press.
Então, embora Singer e eu discordemos quanto a quase todas as outras questões dentro da ética animal, estou contente por concordarmos quanto à importante questão da violência na defesa animal. Espero sinceramente que Singer não seja objeto de ameaças e ataques difamatórios como aqueles que foram dirigidos a mim por eu ter condenado franca e abertamente a violência.
O movimento pelos direitos animais faz sentido somente como um movimento de paz e de não violência. Disse Gandhi:
Precisamos nos tornar a mudança que queremos ver no mundo.
Se quisermos ver um mundo onde não haja violência contra os mais vulneráveis, devemos, nós próprios, nos tornar não violentos e apresentar nossos pontos de vista de um modo não violento. A não violência começa com nosso próprio veganismo e nosso uso de modos criativos e não violentos de educar os outros sobre o veganismo.
Se você não for vegano(a), torne-se vegano(a). É fácil; é melhor para a sua saúde e o planeta. Mas o mais importante é que é a coisa moralmente certa a fazer. Veganismo é não violência em ação.
Se você for vegano(a), então passe tanto tempo quanto puder engajado(a) em educação vegana criativa e não violenta.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda