Caros(as) colegas:
Sempre ouvimos a palavra “humanitário” associada à situação que somente existirá se for adotada esta ou aquela reforma do bem-estar, que é o tema desta ou daquela campanha feita por esta ou aquela corporação grande de bem-estar animal (e para a qual sua contribuição é necessária “em prol dos animais”).
Como qualquer pessoa que lê este blog ou meus outros trabalhos sabe, eu acho que o padrão do tratamento “humanitário” de animais, os quais são propriedade, geralmente ficará limitado ao nível de proteção que é necessário para explorar os animais de um modo economicamente eficiente. Em outras palavras: salvo raras exceções, nós somente gastamos dinheiro para proteger os interesses dos animais quando um benefício econômico resulta disso.
Uma recapitulação da história das reformas do bem-estar indica que a maioria daquelas que foram implementadas se encaixa nesse modelo, e que essas reformas fazem pouco além de aumentar a eficiência da produção. As reformas fazem muito pouco para aumentar a proteção que damos aos interesses dos animais. O principal benefício das reformas “humanitárias” é que elas fazem os humanos se sentirem melhor quanto a explorar animais.
Então vamos deixar claro que quando fazemos a proposição de que uma reforma vai tornar o tratamento animal mais “humanitário”, o que realmente queremos dizer é:
1. a reforma poderá resultar em uma tortura um pouquinho menos intensa do que a que existe atualmente, mas os animais continuarão a ser torturados (e, em muitos casos, a reforma nem sequer resultará em menos tortura);
2. a reforma geralmente tornará a produção animal mais eficiente ao reduzir os custos de produção;
3. a reforma não fará nada para afastar os animais da condição de propriedade e, na verdade, irá emaranhá-los ainda mais nela;
4. a reforma fará os humanos se sentirem melhor quanto ao uso de animais.
É uma proposição em que todo mundo sai ganhando. Os produtores se beneficiam porque sua lucratividade aumenta e porque eles podem alegar que “se importam” com os animais (vejam o Whole Foods). Os grupos de defesa animal podem solicitar doações tanto para a campanha quanto como uma recompensa pela suposta “vitória”, e podem bancar os heróis.
Só os animais é que saem perdendo.
Se vocês não forem veganos(as), tornem-se veganos(as). É muito fácil, melhor para a saúde e o planeta. E o mais importante de tudo é que é a coisa moralmente certa e justa a fazer.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
Posts relacionados:
Tradução: Regina Rheda