Caros(as) colegas:
Neste Comentário, eu trato de um assunto que vários de vocês me pediram para cobrir: como conversar com não veganos sobre veganismo?
Apresento cinco princípios gerais:
Princípio nº 1: No fundo as pessoas são boas.
Quando falarmos com as pessoas, nossa posição automática tem de ser que elas são boas e interessadas em, ou educáveis sobre, questões morais. Há uma tendência, entre ao menos alguns defensores dos animais, a ter uma visão muito misantrópica dos outros humanos e a encará-los como inerentemente imorais ou desinteressados por questões de moralidade. Eu discordo dessa visão.
Princípio nº 2: As pessoas não são idiotas.
Há uma tendência, entre os defensores dos animais, a crer que o público em geral não é capaz de entender os argumentos a favor do veganismo e que devemos “ir com calma”, e, em vez de falar sobre veganismo, devemos falar sobre vegetarianismo. “Segunda feira sem carne”, carnes e outros produtos animais “felizes”, etc. Eu discordo desse modo de pensar tão elitista sobre as outras pessoas. Não há mistério; não há nada complicado. As pessoas podem entender, se ensinarmos com eficácia.
Princípio nº 3: Não fique na defensiva; responda, não reaja.
Sim, algumas pessoas vão tentar nos provocar, ou vão fazer perguntas ou comentários que consideramos ofensivos ou sem seriedade. Se uma pessoa realmente não está interessada no que estamos falando, ela geralmente vai embora. Encare toda observação e toda pergunta — mesmo a que você achar desagradável, rude ou sarcástica — como um convite feito a você por alguém que está mais provocado (no sentido positivo) por você, e mais envolvido, do que você imagina.
Princípio nº 4: Não se sinta frustrado. Educar é tarefa árdua.
Vão lhe fazer a mesma pergunta muitas vezes; vão lhe fazer perguntas que indicam que você deve começar tudo de novo com alguém. Mas se você quiser ser um educador eficiente, precisa responder toda pergunta como se nunca a tivesse ouvido antes. Se quiser que os outros fiquem entusiasmados com a sua mensagem, você precisa estar entusiasmado com ela primeiro.
Princípio nº 5: Aprenda os fundamentos. Antes de virar professor, você precisa ser estudante.
Muitos defensores dos animais ficam animados com o veganismo abolicionista e a primeira coisa que fazem é criar um website ou um blog que, embora motivado pelos sentimentos certos, não é informado por ideias claras. Antes de você ensinar os outros, aprenda os fundamentos. Aproveite a disponibilidade de recursos veganos abolicionistas como os vídeos, os panfletos e outros materiais deste site, além de materiais disponíveis em outros sites abolicionistas como o animalemacipation.com e o da Boston Vegan Association.
O triste é que os maiores obstáculos à educação vegana são os grupos neobem-estaristas grandes, que entraram em sociedade com os exploradores institucionais de animais para promover o consumo de produtos animais, dando à exploração animal, em diversas formas, a “aprovação dos direitos animais” (ver, por exemplo, 1, 2).
Esses grupos neobem-estaristas (ou novos bem-estaristas) são parte do problema; eles não são parte da solução.
Espero que vocês achem este Comentário útil. Como indico, ficarei feliz em fazer outros Comentários em podcasts futuros, tratando de mais questões relacionadas ao ativismo vegano, dependendo do feedback que eu receber sobre este Comentário.
Tornem-se veganos(as). É fácil. É melhor para sua saúde e o planeta. Mas o mais importante de tudo é que é a coisa moralmente certa e justa a fazer.
Gary L. Francione
© 2010 Gary L. Francione
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Tradução: Regina Rheda